March 18, 2019
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Oferta de casas não corresponde ao que os portugueses conseguem comprar

Oferta de casas não corresponde ao que os portugueses conseguem comprar
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Em 2018, a oferta de casas no mercado não correspondeu ao que os portugueses conseguem pagar. O preço médio que estão dispostos a pagar ronda os 138 623 euros, financiados por um crédito à habitação que não supere os 500 euros mensais.

De acordo com o relatório anual da rede de mediação imobiliária Century 21 Portugal, em Lisboa, o preço médio que as famílias estão dispostas a pagar por uma habitação é de 166 593 euros, financiado por um crédito à habitação de cerca de 506 euros mensais. O preço médio que os portuenses estão dispostos a pagar é 137 587 euros, financiado por um crédito à habitação até 491 euros mensais. No Algarve, o preço médio pretendido fixa-se nos 130 708 euros, financiado por um crédito à habitação de 475 euros mensais, enquanto no resto do País este valor cai para os 126 101 euros, com um financiamento de crédito à habitação de 489 euros mensais.

A Century 21 indica que quando se analisa o mercado de oferta de habitação, o preço médio para venda, a nível nacional, é de 173 252,84 euros, um valor que supera em 24,9% o que os consumidores pretendem pagar por um imóvel.

Em termos de arrendamento, o mercado regista uma escassez significativa de habitações no segmento de preço mais baixo. A rede de mediação refere que nos imóveis até 500 euros mensais, a oferta é de 61,4%, o que revela um défice de 12,7 pp face aos 74,1% da procura. Superior à procura em 6,7 pp é a oferta de imóveis entre os 601 e os 700 euros. Existe ainda um excesso de casas com valores de arrendamento entre os 801 e os 900 euros, cuja oferta atinge os 11% e a procura não ultrapassa os 3%.

Segundo Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, “regista-se um desajuste muito evidente entre a actual oferta e a procura, um facto para o qual a Century 21 Portugal tem vindo a alertar há vários trimestres. O estudo realizado pela empresa indica que mais de 20% dos que procuram casa estão a desistir de comprar, ou arrendar, por não encontrarem uma habitação ajustada às suas expectativas e ao seu rendimento disponível. Os principais actores do sector imobiliário necessitam de constatar o que pretendem os consumidores nacionais, o que procuram, o que desejam e o que podem efectivamente adquirir, para se criarem soluções de habitação em linha com as expectativas e a capacidade financeira das famílias portuguesas”.

Quanto ao modelo de financiamento para aquisição de casa, cerca de 38,6% dos compradores planeia pagar uma parte em dinheiro e pedir um empréstimo bancário para o restante, enquanto 35,3% admite recorrer integralmente ao crédito à habitação. Apenas 11% admite usar as suas poupanças ou vender a antiga habitação para a aquisição de casa nova.

O relatório mostra ainda que para quem opta por recorrer ao crédito à habitação, a hipoteca representa entre 10% e 20% do rendimento familiar para 33,6% dos consumidores. A taxa de esforço é maior para outro terço das famílias, para quem a prestação representa 20 a 30% dos vencimentos. Para 11% da população inquirida, a taxa de esforço excede os 30%.

Imóveis C21